domingo, 16 de setembro de 2007

Not an option (ou "Busque uma terceira opiniao")


E aih, pessoas! Alguem ainda entra aqui? To de volta a Bali apos seis dias em Lakey Peak, na ilha de Sumbawa. O domingao foi de fortes emocoes. Segurem-se aih na poltrona, porque o post vai ser grande.

Bom, deixa eu falar rapidinho de Lakey Peak. Sensacional o lugar, sensacional a onda. Depois de uma hora de voo de Bali e mais duas horas de taxi, desviando de cabras e macacos pela estradinha, cheguei no hotel Aman Gati, que eh na cara do gol. Sao uns dez passos na areia, mais uns dez minutos remando num mar cristalino, sobre corais, e pronto. Esquerdas e direitas quebrando perfeitas, eh soh escolher (foto 1). E o hotel? Comida boa pra cacete e muito barata. O prato mais caro - um lagostim, lula e um fileh de peixe, com batatas - saia por 35 mil rupias, algo tipo 8 reais. Pra completar, um por-do-sol matador todos os dias (foto 2). Soh o que estragava um pouco era um gaucho surfando de camisa do gremio em Lakey Peak, mas fazer o que...


Depois de uma quarta-feira paradisiaca, comecei a pensar que voces poderiam ficar cansados de ler sobre praia, ondas e comida. Resolvi entao mostrar para voces outro lado de Bali. "Como serah o atendimento medico aqui", divaguei. Entao, na quinta "deliberadamente" torci o meu peh direito ao pisar num buraco. Nao vou nem comentar aqui o que foi a dor na hora... Passei sexta e sabado de molho, pegando sol na piscina ou vendo filme no quarto. Peh pro alto e gelo. Uma surfista australiana que chegou na sexta deu uma enfaixada meia-boca no meu peh com silver tape e um outro australiano me deu uns anti-inflamatorios. Li o "Cacador de Pipas" em ingles em apenas dez horas. Recorde mundial. Entrei em contato com o plano de saude que contratei e falaram para eu ir na Bali International Medical Center, a melhor clinica de Bali segundo informacoes que colhi. Pedi na recepcao do hotel e troquei meu voo de volta de segunda pra domingo.

Hoje acordei cedo, peguei o taxi com uma mae e seu filho australianos e fomos pro aeroporto em Bima, na ilha de Sumbawa. Chego no unico balcao de check-in, entrego a passagem e digo que troquei o dia por telefone e tal. "Not in list", diz o cara. "Hein?". "Nao tah na lista, seu nome nao tah na lista. Espere ao lado, por favor".

Era o que faltava. Tinham tres carinhas conversando em indonesio (indonesiano?) e falando um ingles parco comigo. Falei que nao embarcar era not an option. "Maifrend, tenho medico marcado em Bali e vou nesse aviao nem que seja sentado no corredor". Um dos agentes disse preu confiar e esperar sentado no hall. "Nao, nao, vou esperar aqui ao lado mesmo". Acho que incomodei tanto os caras que em 3 minutos eles fizeram um cartao de embarque pra mim. Na verdade, para o "Mr Benato Alexander". Julguei que era eu. Depois pensei que se o teco-teco caisse ninguem no Brasil ia nem ficar sabendo e eu seria enterrado como indigente por aqui, mas era o preco a pagar.

O voo foi tranquilo, cheguei em Bali e o carinha do carro, o Made, tava me esperando de novo. Ele me levou na clinica e ficou esperando no estacionamento. Entrei e jah tava tudo ajeitado, a tal Global Insurance tinha marcado uma consulta. Beleza, fui atendido pela plantonista, uma japinha. Mexeu no meu peh e me mandou pro raio-X. Do raio-X, nao fui pro consultorio dela. Me levaram pruma "emergency room". "Lah vem merda", pensei eu.

"Mister Renato, voce tem uma pequena fratura aqui. Vamos ter que engessar"
"Gesso is not an option"
"Mas eh um gesso leve, soh por uma semana, ateh voce voltar para o Brasil"
"Nao, nao...nao tem outra opcao? Posso ver o especialista em ortopedia?"

Entrou na sala um ingles, com um cracha do tipo "technical advisor", algo assim. Disse que o recomendado era mesmo o gesso, algo leve para nao piorar a fratura ateh eu viajar de volta. Ou eu poderia chamar o ortopedista-chefe. "Sim, chamem o cara, por favor". Foram ligar para o sujeito e me deixaram sozinho na salinha por uns 15 minutos. Tempo suficiente para pensar na vida, nos buracos do gramado do Aman Gati, em como eu faria para ficar uns dias engessado sozinho em Bali e quando conseguiria voltar pro Rio.

Chegou o ortopedista-chefe. Cara de balines. Jah foi perguntando "Voce costuma praticar muito esporte? Joga futebol, por exemplo?". Eu estava muito apavorado para fazer alguma brincadeira do tipo "sou craque nas 11" ou "faltam menos de cem para o meu gol mil". Respondi apenas que sim.

"Hmmm.. Porque pelo que estou vendo aqui, essa fratura pode ser algo antigo. Se voce tivese feito ela dois dias atras, voce nao estaria caminhando e com certeza sentiria muita dor no peh. Doi aqui? E aqui?"
"Nada, nada". Aproveitei e falei pra ele que eu tinha quebrado aquele mesmo peh ano passado.
"Ah, entao deve ser isso. Essa fraturinha deve ter ficado mal consolidada, nao pode ser de agora. Nada de gesso, nao se preocupe".

Nunca o cliche "as palavras dele soaram como musica" foi tao verdadeiro. Quase levitei na maca. Peguei mais anti-inflamatorios na farmacia da clinica e fui liberado com a condicao de nao correr pelas proximas semanas. Para ser sincero com voces, ainda estou literalmente com um peh atras. E se o cara estiver errado? Se algum ortopedista ler este post e quiser se manifestar, fique a vontade!

Bom, ao menos tenho caminhado com mais desenvoltura. Sem surfe nos proximos dias. E talvez eu corte um pedaco do pit-stop na Africa na volta, para chegar logo e consultar no Brasil. Vamos ver o que acontece nos proximos dias. Para comemorar, moderadamente, claro, caminhei ateh a praia de Legian e tirei essa fotinho do fim de tarde.

2 comentários:

Anônimo disse...

Qual o problema? Vc pega onda deitado mesmo...

Unknown disse...

Hahahaha... Adorei o post e tb adorei esse recadinho aí de cima, rsss...
Bjos e melhoras!